Palavras-chave: Identidade. Negritude. Psicanálise.

A autoestima das mulheres negras no Brasil na atualidade pode ser compreendida por um resgate histórico que permita uma visão expandida do tema. A história do país nos mostra que seus mais de 300 anos de escravidão deixaram marcas que nos habituamos a olhar sem a devida percepção crítica. Considera-se, portanto, o racismo enquanto uma dessas marcas históricas, mostrando-se atualmente enquanto um sintoma da exploração e desvalorização de tudo o que não é da branquitude. Padrões estéticos europeus inalcançáveis foram estabelecidos no país, fazendo com que as mulheres, acima de tudo as negras, continuassem sendo agredidas por ideais que jamais serão alcançados plenamente, mas, principalmente, que podem ser disparadores de sofrimento psíquico nessa busca incansável por aceitação. O objetivo central desta pesquisa será compreender, a partir de uma análise freudiana, os processos psíquicos envolvidos na formação da autoestima das mulheres negras no Brasil. Ao que se refere a metodologia, o presente projeto caracteriza-se de cunho qualitativo, valendo-se de materiais de bases de dados e obras de Freud de forma a articular teoria e problemática proposta pela pesquisa. Uma pesquisa psicanalítica, tem por objeto de estudo as manifestações do inconsciente, podendo se valer de múltiplos territórios, sendo estes em clínica ou aplicada. O tema aqui apresentado é considerado do âmbito da psicanálise aplicada, pois esta pode referir-se a um grupo de pessoas ou fenômenos culturais, indo além de uma análise clínica tradicional em que há um único sujeito em investigação. O interesse em compreender o arranjo psíquico no que diz respeito a formação da identidade das mulheres negras no país atualmente, justifica-se pela produção de sofrimento psíquico dadas as opressões que essas mulheres sofreram ao longo da história e que continuam a sofrer. Esse esforço é considerado necessário, justamente, para lançar luz a esse sofrimento silenciado, além de colaborar para a busca por reflexão histórica e social brasileira. Busca-se evidenciar como o racismo afeta de forma intensificada às mulheres negras no Brasil quando consideramos não apenas a questão do preconceito racial, mas também a questão de gênero, visto que o país ainda é racista e patriarcal, colocando as mulheres em posições inferiores aos homens. Destarte, essa desigualdade estende-se ainda ao campo econômico, visto que, se os salários são menores para mulheres, são menores ainda para as mulheres negras quando comparado ao das mulheres brancas.