Este trabalho examina a trajetória da construção das políticas públicas federais sobre drogas em sua história e conformações e suas atuais transposições para o âmbito municipal. Pela carência de estudos críticos dedicados a detalhar a leitura dos programas federais quanto aos seus interesses e potencial para atingir aos fins propostos pelas políticas que os orientam, a pesquisa elegeu um município com reconhecida vinculação aos contextos da drogadição a fim de analisar a aplicabilidade e os alcances locais das atuais políticas sobre drogas, qual seja: Sarandi (PR). O trabalho se volta para a análise documental e adota o método etnográfico para a coleta dos dados municipais, priorizando a pesquisa de campo, com apoios teóricos e analíticos do materialismo histórico de Marx e da psicologia dialética de Vigotski. Após analisar as políticas públicas vigentes sobre drogas e percorrer a realidade da cidade de Sarandi, multiplicando indagações sobre drogadição e seus efeitos sociais, conclui-se pela ausência do Estado e por seu completo alheamento das problemáticas que proliferam numa localidade onde as políticas públicas sobre drogas caberiam estar ativadas em pleno vigor e sucesso. Ao mesmo tempo constata-se a existência de uma rede assistencial que envolve grupos de moradores de Sarandi, que se importa com o sofrimento do outro e, desse modo, assegura a construção e a viabilização de alternativas de enfrentamento, proteção e bem estar ao usuário de drogas, ocupando o vácuo produzido por um Estado omisso e instrumentalizado apenas para a defesa do capital e não para o respeito à subjetividade humana.