Última alteração: 2012-07-15
Resumo
Analisar as possíveis relações entre o Positivismo de Auguste Comte e o Comportamentalismo skinneriano pode suscitar opiniões controversas, uma vez que podem ser encontradas ambiguidades nas leituras de ambas as doutrinas filosóficas. O positivismo é usualmente compreendido de modo depreciativo. Algumas críticas se justificam. Outras, entretanto, erram o alvo. O mesmo acontece com a teoria de Skinner. Embora tenha sido situada na tradição psicológica do Comportamentalismo, a teoria skinneriana não compartilha totalmente dos pressupostos filosóficos desse sistema, questionando a concepção do Comportamentalismo como uma doutrina teórico-metodológica unificada. Este trabalho teve como objetivo realizar um exame crítico das relações entre as filosofias de Skinner e Comte, de modo a situar em bases conceituais mais claras suas eventuais afinidades e distanciamentos. Para tanto, as análises dos dois sistemas filosóficos pautaram-se no método de análise conceitual-estrutural de texto. Com base na comparação entre preceitos positivistas e pressupostos skinnerianos, pode-se afirmar que à semelhança de Comte, Skinner defende: (i) a importância da teoria, (ii) uma relação não reducionista entre os diferentes campos científicos, e (iii) uma pluralidade de procedimentos metodológicos. Não obstante, essas eventuais semelhanças não são suficientes para filiar a filosofia de Skinne ao positivismo comtiano. Conclui-se que a carência de uma leitura filosoficamente orientada dos referidos autores contribui para a reprodução de equívocos que podem comprometer uma recepção crítica de suas filosofias.