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A interface saúde-escola e o favorecimento de um ambiente de interação e troca de experiência em educação infantil
Mayara Aparecida Bonora Freire, Camila Duarte, Camila Rippi Moreno, Douglas Linhares Coelho, Henrique Uva do Amaral, Felipe Tobias Brahim, Karina Rocha Bueno, Mary Yoko Okamoto, Rafaela Biagio Felix, Tatiana de Oliveira Guerra, Thaís Rodrigues de Sousa

Última alteração: 2012-07-25

Resumo


A demanda para atendimento infantil em clínicas psicológicas e serviços de saúde mental têm crescido consideravelmente nos últimos anos, sobretudo relacionada a queixas de comportamento, mesmo em idades precoces. Com base na concepção de que o ambiente pode propiciar vínculos imprescindíveis para o desenvolvimento da criança e no perfil da dinâmica familiar atual, escolheu-se uma Escola Municipal de Educação Infantil do município de Assis para a realização deste projeto de extensão. Este projeto tem como objetivos conhecer as características de organização, funcionamento e rotina de uma escola de educação infantil do município de Assis; identificar a compreensão, dificuldades, dúvidas e principais necessidades dos educadores e pais a respeito das características das crianças em cada idade do desenvolvimento; propiciar espaços que permitam reflexões e discussões que possam contribuir para a saúde e a educação das crianças. São realizados encontros mensais com os pais e educadores por meio de atividades grupais e de reflexões sobre questões pertinentes ao desenvolvimento infantil, papel da escola e dos educadores e atividades pedagógicas oferecidas, de acordo com as diferentes faixas etárias das crianças. Os encontros ocorrem separadamente, entre pais e educadores, e os temas abordados nos grupos são escolhidos de acordo a demanda e as necessidades de cada grupo. São realizadas observações semanais das crianças em ambiente escolar e atividades musicais com as crianças de todas as séries da escola. Semanalmente, são realizados encontros entre os alunos integrantes e a docente responsável pelo projeto para discussão de textos e artigos teóricos e avaliação das dificuldades e avanços obtidos que contribuam para a elaboração das atividades desenvolvidas. Até o presente momento, há a demonstração de grande interesse e participação por parte dos pais e professores nos encontros. Verificou-se que o espaço oferecido funciona como um local no qual é possível compartilhar as angústias e dúvidas vividas na rotina, bem como refletir a respeito do papel e função desenvolvidos na relação com as crianças. Além disso, os grupos podem funcionar como um espaço de continência para o sofrimento vivido tanto na rotina escolar como familiar. Nos discursos de ambos os grupos, foi possível perceber certo conflito na diferenciação entre os ambientes nos quais a criança convive, ou seja, o que é oferecido a ela na creche versus a rotina que lhe é apresentada em casa. Com relação às crianças, todas as atividades realizadas até o momento apenas confirmam a importância do ambiente favorável, não apenas associado aos cuidados com a saúde e a educação, mas também à garantia de cuidados necessários e capazes de promover o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. A insegurança, a fragilização e a indeterminação dos papéis materno e paterno, podem gerar uma lacuna nos papéis familiares e dificuldades em lidar com o desenvolvimento das crianças, fortalecendo um olhar patologizante sobre a infância. Devido ao desconhecimento das características e necessidades da criança durante o seu desenvolvimento, é comum perceber que tanto pais como professores atribuem um significado negativo a alguns comportamentos infantis, principalmente com relação à agressividade e a teimosia. Com base nesse processo, fica evidente que o enfraquecimento e fragilidade das funções parentais têm outra consequência, a atribuição de um poder às crianças, que passam a ser compreendidas como poderosas e exigentes, enquanto estes tornam-se reféns das mesmas. No momento em que há um espaço para a reflexão, os pais podem sentir-se mais confiantes no exercício de suas funções e na importância que estas têm para o desenvolvimento infantil. Assim como ocorre com as crianças, que necessitam de um ambiente acolhedor para suas necessidades e angústias na qual possam reconhecer-se e ter a confiança de que serão atendidas, pais e professores, fragilizados e inseguros devido aos contornos sociais e políticos que verificamos nas instituições (escolar e familiar) e no contexto atual, podem se beneficiar de uma experiência enriquecedora e acolhedora num espaço compartilhado e mediado, resultando num fortalecimento e na busca de solução grupal. 

Palavras-chave


desenvolvimento infantil; pais; educadores

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