Última alteração: 2012-07-31
Resumo
Introdução
A visão de homem que permeia a análise do comportamento é que este é um organismo que se comporta, e que este comportamento possui determinações filogenéticas, ontogenéticas e culturais. A medida que o indivíduo se desenvolve, biologicamente falando, ele também desenvolve seu repertório comportamental, que é derivado de seu interação com o ambiente. A aquisição de diferentes tipos e classes de comportamento é explicada por Skinner a partir do modelo de seleção pelas consequências, segundo o qual, comportamentos que são emitidos pelo organismo e que, por sua vez, promovem adaptação e sobrevivência, passam a fazer parte do repertório comportamental do indivíduo, tendo maior probabilidade de ocorrer no futuro.
De acordo com Zanotto et al (2008, p.7) “diz-se que há aprendizagem quando alguém (...) passa a fazer algo que não fazia anteriormente ou que fazia de modo diferente, antes de passar pela situação de aprendizagem”. Portanto, no behaviorismo radical, o aprender é entendido então como uma mudança na probabilidade da emissão de resposta, sempre tendo em vista as contingências nas quais o comportamento ocorreu. Esta ideia se torna mais clara se levarmos em conta a afirmação de Skinner (1972, p.4) de que as variáveis que compõem as contingências de reforço sob as quais a aprendizagem ocorre englobam: a ocasião em que o comportamento ocorreu, o próprio comportamento e também suas consequências. Em se tratando deste último termo da contingência, quanto mais próxima for sua ocorrência em relação à resposta, mais efetivamente o comportamento será reforçado. Em outras palavras, o reforço contingente à resposta motiva o aluno a continuar respondendo. Foi a partir deste princípio, inclusive, que Skinner desenvolveu as ‘máquinas de ensinar’, que ofereceriam reforço contingente à resposta, e permitiriam que os alunos trabalhassem cada um a seu tempo.
Segundo Skinner (1972, p.4) então, aos professores caberia a função de facilitar a aprendizagem, a partir do arranjo de contingências de reforço. O ambiente escolar deveria ser propício para que os comportamentos que se espera ensinar sejam evocados, e, as contingências, o mais semelhante possível com as condições naturais nas quais o comportamento ensinado será útil. Estes mostram-se problemas recorrentes para professores, que se deparam com a dificuldade em criar condições favoráveis às consequências do comportamento.
Bianconi e Caruso (2005, p.20) distinguem três modalidades de ensino: a modalidade formal, que ocorre “no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado” a informal, que ocorre partir das experiências cotidianas; e a não formal, definida como “qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino” (p.20). A partir disso, pode-se pensar nesta última modalidade – o ensino não formal, como uma alternativa para que os professores superem as dificuldades encontradas no arranjo de condições favoráveis à aprendizagem.
Objetivo
Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise dos benefícios do ensino não formal para o processo de ensino aprendizagem, tendo em vista os pressupostos do Behaviorismo Radical.
Metodologia
Para tanto, realizou-se um levantamento teórico na literatura da área, sobre a concepção de aprendizagem no Behaviorismo Radical, e também, sobre as modalidades de ensino formal, informal e não formal. Com os achados, a autora do trabalho procurou realizar uma interlocução com suas experiências acadêmicas âmbito do ensino informal, que se deram a partir da participação em um projeto de extensão. Este foi desenvolvido nas dependências do Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM, que atende escolas de ensino fundamental e médio, turmas de graduação e cursos técnicos, além da comunidade em geral. Os monitores do museu guiam os visitantes pelos diferentes ambientes, compostos por materiais relacionados ao tema em questão (física, química, astronomia, botânica, anatomia humana, taxidermia, paleontologia), dando-lhe informações e curiosidades a respeito dos materiais expostos, com uma linguagem simplificada, que possibilita uma aproximação com o cotidiano dos ouvintes.
Resultados
Resultados qualitativos não foram levantados. Entretanto, no decorrer das exposições dos conteúdos ministrados nos ambientes do museu, percebeu-se comportamentos que denotam interesse por parte dos alunos, que permaneciam concentrados por mais tempo (conforme relato de seus professores), faziam questões aos monitores, e relataram que já haviam visitado o museu outras vezes. Além disso, há uma grande procura pelos serviços do museu, que contabiliza um total de 58.031 beneficiários das atividades desenvolvidas em 2009¹
¹Dados disponíveis na página online do Museu Dinâmico Interdisciplinar: http://www.mudi.uem.br/images/stories/sobre_o_mudi/Sintese%20de%20atividades%20do%20mudi.2009.pdf
Conclusão
A partir das experiências com o ensino não formal, pode-se concluir que este apresenta características condizentes com o modelo de ensino proposto pelo Behaviorismo Radical. Isso
porque, primeiramente, esta modalidade de ensino possibilita que o aluno tenha contato com reforçadores naturais, entendidos por Albuquerque (sem data) como aqueles não programados, que ocorrem na vida cotidiana. O aluno demonstra interesse e curiosidade nestas situações, não por estar sob contingências aversivas, como a de avaliação por exemplo, mas porque tais contingências lhe
são naturalmente reforçadoras. A modalidade não formal de ensino também permite que as consequências sejam mais contingentes aos comportamentos, condição que torna a aprendizagem muito mais eficaz. Ao mesmo tempo, as consequências aversivas do comportamento de estudar são removidas, como por exemplo passar horas lendo, resolvendo exercícios ou ter que permanecer todo o período prestando atenção na fala do professor. Desta forma, dadas as semelhanças entre a situação formal e não de ensino, o aluno pode generalizar as respostas que surgiram no âmbito não formal, para o âmbito formal, melhorando seu desempenho escolar e consequentemente sua aprendizagem.
Referências
Albuquerque, Juliana (Sem data). Princípios e Procedimentos Comportamentais Básicos. (Publicação online disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYRwAK/behaviorismo#)
Bianconi, Lucia Bianconi , Caruso, Francisco. (2005). Educação não-formal. Cienc. Cult., vol.57, n.4, p.20-20. ISSN 0009-6725.
Skinner, Burrrhus Frederic. (1972). Tecnologia do ensino. (Rodolpho Azzi, Trad.). São Paulo: Herder, Ed. da universidade São Paulo.
Zanotto, Maria de Lourdes Bara, Moroz, Melania, Gioia, Paula Suzana. (2008),
Behaviorismo Radical e Educação. (Publicação online disponível em: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/makepdf.php?itemid=1257)